Código
RC025
Área Técnica
Córnea
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital da Fundação Banco de Olhos de Goiás
Autores
- ANNE MOURA ALMEIDA (Interesse Comercial: NÃO)
- TIAGO DE ALMEIDA LARANJEIRA (Interesse Comercial: NÃO)
- DANIEL OLIVEIRA ZAGO (Interesse Comercial: NÃO)
Título
DESCOMPENSAÇAO CORNEANA AGUDA SECUNDARIA A FERRAO DE ABELHA RETIDO NO ESTROMA CORNEANO: RELATO DE CASO
Objetivo
Descrever um caso de toxicidade corneana secundária a ferroada de abelha, com desfecho clínico favorável.
Relato do Caso
Paciente masculino, 48 anos, sem antecedentes pessoais, deu entrada no pronto socorro vítima de ataque de abelhas há um dia. Sofreu múltiplas picadas na face, inclusive no olho esquerdo. Referia dor e baixa acuidade visual, apresentando acuidade visual com correção de 20/400 no olho acometido. Ao exame, apresentava hiperemia discreta de conjuntiva bulbar, edema de córnea difuso com dobras de Descemet e ferrão alojado no estroma profundo, em região paracentral temporal, sem seidel. Optou-se por não realizar a remoção mecânica do ferrão, sendo prescrito tratamento com colírio de prednisolona 1% oito vezes ao dia, moxifloxacino quatro vezes ao dia e tropicamida 1% três vezes ao dia. Foi solicitada tomografia de coerência óptica de córnea. Foi realizado acompanhamento semanal e após quatro semanas da admissão, evoluiu com acuidade visual de 20/25 e córnea clara, permanecendo com corpo estranho intraestromal paracentral temporal. Até o momento, não houveram sinais de recidiva do quadro inflamatório.
Conclusão
As lesões oculares por picada de abelha são raras, mas podem evoluir com complicações graves, como descompensação corneana, catarata, uveíte, aumento da pressão intraocular e neuropatias ópticas. No processo de ferroada, são liberadas substâncias tóxicas, melitina e apamina, que desencadeiam reações imunológicas. No atendimento inicial, devem ser avaliados grau de penetração ocular e efeitos tóxicos do ferrão. Devido à variabilidade na apresentação clínica, ainda não há tratamento padronizado, havendo divergências quanto à adoção de abordagem cirúrgica ou conservadora. Postula-se o uso de antibióticos tópicos e corticoides, além de cicloplégicos para alívio da dor. A retirada do ferrão é controversa, posto que pode liberar mais toxinas, devendo ser realizada se for fácil ou em casos de resposta inflamatória inicial intensa.