Código
RC065
Área Técnica
Estrabismo
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Institutto Benetti de Oftalmologia
Autores
- RAFAELA SERAPHIM FRARE (Interesse Comercial: NÃO)
- LETÍCIA CETRA FRANCO DA ROCHA (Interesse Comercial: NÃO)
- FLÁVIA WADA KAMEI (Interesse Comercial: NÃO)
Título
MIASTENIA GRAVIS OCULAR: A IMPORTANCIA DO TESTE DE FADIGA PARA CONDUÇAO DIAGNOSTICA
Objetivo
A Miastenia Gravis é uma doença neurológica autoimune rara, que acomete a junção neuromuscular, cursando com fraqueza muscular flutuante que melhora com o repouso. Aproximadamente metade dos pacientes terá manifestações oculares como ptose, diplopia e oftalmoplegia. Esse relato de caso, objetiva-se, sumariamente, em apresentar a relevância do exame oftalmológico completo incluindo o teste de fadiga ocular para alcançar o diagnóstico e terapêutica adequados.
Relato do Caso
Masculino, 36 anos, sem antecedentes oftalmológicos, queixava-se de estrabismo em olho esquerdo há 6 meses. Ao exame oftalmológico: pupilas isocóricas e fotorreagentes, ptose palpebral bilateral, mais importante à esquerda, que piorava significativamente ao teste da fadiga, limitação de supraversão no olho direito e limitação de todas as versões no olho esquerdo. Acuidade visual corrigida de 20/20 em ambos os olhos. Não apresentava alterações à biomicroscopia anterior, tonometria e fundoscopia. Devido a oftalmoplegia inespecífica e fadigabilidade ao exame clínico da primeira avaliação, foram solicitados exames complementares para investigação etiológica. Ao exame de tomografia computadorizada de crânio e órbita não apresentou alterações que justificassem o quadro; aos exames laboratoriais, observou-se: anticorpo Anti-AchR positivo e anti-MuSK negativo (encontrados em 85% dos pacientes com a forma generalizada e em 50% dos pacientes com a forma ocular da doença). Dessa forma, iniciou-se prontamente tratamento clínico com Piridostigmina - inibidor da colinesterase - , apresentando melhora significativa do estrabismo e ptose palpebral.
Conclusão
A oftalmoplegia da Miastenia Gravis pode mimetizar qualquer distúrbio da motilidade ocular e o teste da fadiga foi fundamental para se chegar ao diagnóstico, uma vez que não seria possível detectar a característica flutuante do estrabismo em apenas uma avaliação. A Piridostigmina, apesar de não modificar o curso da doença, é o principal tratamento e foi rapidamente instituída ao paciente que apresentou excelente resposta clínica.