Título

HISTOLOGIA DA CATARATA EM OLHOS EVISCERADOS E ENUCLEADOS POR OUTROS MOTIVOS

Objetivo

O presente estudo teve como objetivo realizar uma análise histológica do cristalino de pacientes que tiveram seus olhos eviscerados ou enucleados por diversas causas, sem que houvesse um diagnóstico clínico prévio de catarata.

Método

O estudo analisou 65 pacientes, com idades variando de 20 a 96 anos, com média de 63 anos. Foram analisados olhos humanos enucleados ou eviscerados com catarata, obtidos do banco de dados da MUHC/McGill. Os dados coletados incluíram sexo, idade, tipo de cirurgia, histórico clínico e causa da evisceração/enucleação. Os olhos foram fixados em formalina e seccionados para análise histológica com coloração H&E. A análise estatística incluiu testes de Qui-Quadrado e o coeficiente de Cramér V, utilizando o software R.

Resultado

A maior prevalência foi na faixa etária de 52 a 65 anos (36,9%), seguida por 66 a 80 anos. A maioria dos pacientes era masculina (53,8%). Quanto às cirurgias, 54,2% dos pacientes passaram por evisceração, enquanto 45,8% foram submetidos à enucleação. O olho direito foi mais afetado (55,7%) que o esquerdo (44,3%). O diagnóstico mais comum foi inflamação (50,9%), seguido por glaucoma, trauma e atrofia. Em relação à histologia, 87,7% dos casos não apresentaram calcificação. Não houve associações significativas entre histologia e sexo, idade ou tipo de cirurgia. No entanto, uma relação foi observada entre diagnóstico (inflamação/infecção) e tipo de cirurgia (evisceração) ao nível de confiança de 5%. A calcificação foi observada em 12,3%, sugerindo associação com fatores inflamatórios/traumáticos.

Conclusão

Este estudo fornece novas informações sobre as características histopatológicas da catarata em olhos eviscerados ou enucleados sem diagnóstico clínico prévio de catarata. Apesar de não encontrar associações estatísticas significativas entre a maioria das variáveis, os achados sugerem que a catarata pode ser uma condição subjacente comum e não diagnosticada nesses pacientes. Mais investigações são necessárias para entender melhor os mecanismos envolvidos na formação da catarata em diferentes contextos clínicos.