Título

SINDROME DE BAIT: UMA RARA MANIFESTAÇAO POS FACECTOMIA COM MOXIFLOXACINO INTRACAMERAL

Objetivo

Relatar um caso raro da síndrome de transiluminação aguda bilateral da íris (BAIT) após uso de moxifloxacino intracameral em cirurgia de facectomia.

Relato do Caso

Feminino, 67 anos, admitida em consultório oftalmológico por redução da acuidade visual (AV). Foi diagnosticada com catarata nuclear e cortical bilateral. Foi indicada facoemulsificação com implante de lente intraocular (LIO). A cirurgia do olho direito (OD) transcorreu sem intercorrências, com administração intracameral de 1 mL de solução contendo 3 mL de moxifloxacino diluído em 7 mL de água destilada. Iniciou colírios antibióticos e corticosteroides, com regressão semanal. O primeiro pós-operatório (PO) foi dentro do esperado. Aos 30 dias, apresentou reação inflamatória moderada de câmara anterior, depósito de pigmento sobre a LIO e flare. O corticoide foi intensificado, com melhora em dois meses. Três meses depois, realizou a mesma cirurgia no olho esquerdo (OE), seguindo o mesmo protocolo profilático. O primeiro PO foi satisfatório, mas novamente aos 30 dias, apresentou inflamação mais aguda que em OD, com excessivo pigmento sobre a LIO, 4+ de células pigmentadas e 4+ de flare. O aumento do corticoide foi ineficaz. Foi submetida a iridectomia temporal superior evitando bloqueio pupilar sinequial e alívio de possível dispersão pigmentar da íris sobre a LIO. A biomicroscopia ultrassônica não mostrou toque da íris na LIO. Houve uso de colírio hipotensor desde o início, mantendo a pressão intraocular estável. Após 150 dias, retornou assintomática, com AV inalterada e ainda discreta reação celular de câmara anterior em AO.

Conclusão

A BAIT é uma síndrome rara de dispersão pigmentar, de etiologia indefinida e frequentemente associada ao moxifloxacino via oral e infecções respiratórias. Este caso sugere que o uso intracameral do antibiótico está envolvido no desenvolvimento da síndrome. Considerando a ampla adoção do antibiótico na facectomia, reforça-se a importância do reconhecimento precoce da BAIT e a necessidade de estudos para esclarecer essa relação e otimizar a conduta no pós-operatório.