Título

UVEITE INDUZIDA POR TATUAGEM

Objetivo

Relatar um caso de uveíte induzida por tatuagem em um paciente em seguimento em um serviço particular.

Relato do Caso

Paciente M.M.B, masculino, 51 anos, caucasiano, procedente de São Paulo/SP, sem comorbidades prévias, com queixa de reação alérgica em local de tatuagem (pernas e braços) em julho de 2024, e, cerca de 2 meses após, diagnóstico de uveíte anterior em olho direito, e, uma semana depois, em olho esquerdo. Paciente negava episódios prévios de uveíte, assim como, presença de dores articulares, aftas orais e genitais, outras lesões na pele e contato com pessoas com tuberculose. Ao exame apresentava acuidade visual com correção de 20/20 AO, biomicroscopia anterior em OD sem hiperemia conjuntival, sem precipitados ceráticos, câmara anterior formada, presença de traços de células e flare +, íris trófica, cristalino com anel de Vossius, sem lesões ao corar com fluoresceína sódica e pressão intraocular de 18 mmHg em OD e 16 em OE. Em OE não apresentava alterações. À fundoscopia, AO, o vítreo era transparente, nervo óptico corado e bem delimitado, escavação fisiológica, mácula sem alterações, sem embainhamento vascular, e retina aplicada sem outras lesões periféricas. Rastreio infeccioso, HLA-B27, HLA-B51, e IGRA foram negativos, tomografia computadorizada de tórax sem contraste sem alterações e tomografia de coerência óptica sem edema. Biópsia em tatuagem (punho) mostrou reação inflamatória granulomatosa em derme, sem necrose associada; concluído como dermatite granulomatosa. Em retorno, foi diagnosticado reativação da UA em OD e optado por tratamento com prednisona oral, após recidivas. Solicitado revisão de lâmina histológica, a qual, descreveu múltiplos focos de infiltrado linfo-histiocitário dérmico não podendo correlacionar com sarcoidose.

Conclusão

A uveíte caracteriza-se por uma reação granulomatosa simultânea de uma ou mais tatuagens com quadros de uveíte recorrente, sem outros sinais de sarcoidose. Sua fisiopatologia ainda é incerta, pode se manifestar como uveíte anterior, intermediária ou posterior, e seu diagnóstico é de exclusão.