Código
RC287
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital das Clinicas da FMUSP
- Secundaria: Hospital Geral de Fortaleza
Autores
- GUILHERME CARNEIRO TEIXEIRA (Interesse Comercial: NÃO)
- BRUNO FORTALEZA DE AQUINO FERREIRA (Interesse Comercial: NÃO)
- JOYCE HISAE YAMAMOTO (Interesse Comercial: NÃO)
Título
SINDROME DE URRETS-ZAVALIA BILATERAL, GLAUCOMA REFRATARIO E UVEITE ANTERIOR IMUNOMEDIADA APOS CIRURGIA DE CATARATA
Objetivo
Relatar um caso de Síndrome de Urrets-Zavalia (SUZ) bilateral associada à uveíte anterior autoimune.
Relato do Caso
Mulher de 42 anos, asmática, desenvolveu catarata cortisônica e foi submetida à facoemulsificação com implante de lente intraocular bilateral, com um mês de intervalo entre os olhos, há uma década. No pós-operatório, apresentou visão turva, dor ocular e picos de pressão intraocular (PIO) de 54 mmHg em olho direito (OD) e de 34 mmHg em olho esquerdo (OE). Necessitou de terapia tópica, trabeculectomia em OD e Ciclofotocoagulação Transescleral Micropulsada (MP-TSCPC) em OE. Apesar das intervenções, desenvolveu hipertensão ocular refratária com uveíte anterior crônica. Na admissão, a paciente apresentava acuidade visual corrigida era de 20/200 (OD) e 20/60 (OE), PIO de 32/45 mmHg, reação de câmara anterior (2+), midríase fixa, corectopia, atrofia difusa da íris (Fig.1), goniossinéquias extensas e lentes intraoculares no saco capsular em ambos os olhos (AO). A fundoscopia evidenciou neuropatia óptica glaucomatosa grave e, ao OCT, perda difusa da camada de fibras nervosas da retina em AO. A PIO permaneceu elevada apesar da terapia medicamentosa, levando à realização de MP-TSCPC também em OD, porém a PIO continuou >20 mmHg em OD. Um exame subsequente identificou afinamento escleral no local da aplicação do laser AO (Fig. 2). Em virtude da inflamação persistente e do desenvolvimento de afinamento escleral, foi solicitada consulta com a reumatologia. Diante de exames laboratoriais sem alterações, foi proposto tratamento com azatioprina (2 mg/kg/dia). Dois meses após o início do tratamento, a inflamação foi controlada, a PIO estabilizou (~10 mmHg) e o quadro permaneceu estável ao longo de 6 meses.
Conclusão
A SUZ pode surgir após cirurgia de catarata, evoluir com glaucoma refratário e atuar como gatilho para o desenvolvimento de uveíte anterior imunomediada, mesmo na ausência de causas subjacentes identificáveis. O diagnóstico precoce e a abordagem multidisciplinar são fundamentais para minimizar o risco de complicações visuais.