Código
RC214
Área Técnica
Retina
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: PUC CAMPINAS
Autores
- JOSE GUILHERME GUIMARAES RABELO (Interesse Comercial: NÃO)
- VINICIUS SOARES IGNACHITI (Interesse Comercial: NÃO)
- MARCELO VICENTE DE ANDRADE SOBRINHO (Interesse Comercial: NÃO)
Título
INTOXICAÇAO RETINIANA POR GLICINA: UM RELATO DE CASO DE CEGUEIRA TRANSITORIA
Objetivo
O objetivo deste trabalho é apresentar um caso clínico de uma paciente submetida a histeroscopia cirúrgica que evoluiu com um quadro de cegueira transitória causada por intoxicação por glicina.
Relato do Caso
Paciente, sexo feminino, 80 anos foi submetida a uma histeroscopia cirúrgica por uma hiperplasia endometrial sob raquianestesia e, durante o procedimento, foram utilizados 12 litros de glicina 1,5% para irrigação. Ao final do procedimento, a paciente se queixava de amaurose total bilateral, sendo solicitada uma avaliação da equipe de oftalmologia. A paciente se encontrava hemodinamicamente estável, sem outras queixas. Ao exame, foi identificado uma média midríase fixa bilateral e uma visão de "percepção luminosa" em ambos os olhos. O exame de fundoscopia indireta a beira leito se encontrava sem alterações. Nos exames realizados, foi identificado hiponatremia, já sendo iniciada a reposição na recuperação pós anestésica e revertida nas próximas horas. Na tomografia de crânio não foram encontrados achados significativos. No dia seguinte, paciente referiu melhora importante da visão, porém ainda queixava de turvação visual. Após estabilização do quadro, paciente foi reavaliada, apresentando pupilas isocóricas e fotorreagentes, com acuidade visual sem correção em olho direito de 20/25 e olho esquerdo de 20/20. Realizado retinografia colorida em anexo, não sendo visualizado alterações ao exame.
Conclusão
A cegueira transitória é uma complicação reconhecida em pacientes submetidos a procedimentos com uso de glicina, como a ressecção transuretral de próstata ou a histeroscopia. A glicina é um neurotransmissor inibitório e tem ação na retina, inibindo o eletroretinograma e o potência visual evocado. Alguns estudos já identificaram esses efeitos retinianos, provavelmente associados à diminuição do potencial de efeito das células amácrinas. A perda visual é temporária e melhora ao longo das horas, estando relacionada com a diminuição da concentração da glicina sérica.