Código
RC229
Área Técnica
Retina
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Faculdade de Medicina de Petrópolis
- Secundaria: Hospital Universitário Antônio Pedro
Autores
- JOSÉ LUIZ MENDES ERTHAL ALVES (Interesse Comercial: NÃO)
- RAFAEL ERTHAL ALVES ROBBS (Interesse Comercial: NÃO)
- RAUL NUNES GALVARRO VIANNA (Interesse Comercial: NÃO)
Título
Nictalopia Secundária à Sífilis: Relato de Caso
Objetivo
Relatar um caso de nictalopia desencadeada por neurossífilis em paciente jovem, com ênfase nos achados oftalmológicos.
Relato do Caso
Paciente masculino, 21 anos, previamente hígido, sem uso de medicações e sem histórico familiar oftalmológico, referiu nictalopia bilateral, com dificuldade para deambular em ambientes escuros e dirigir à noite. Apresentava acuidade visual de 20/20 em ambos os olhos (AO), segmento anterior sem alterações, pressão intraocular normal e vítreo claro. Na retinografia colorida, observavam-se áreas sutis de moteamento pigmentar ao redor e além das arcadas vasculares. A autofluorescência (figura 1A) revelou múltiplos pontos hiper e hipoautofluorescentes, predominantemente perivasculares, com extensão além da média periferia. Identificava-se também início de anel hiperautofluorescente perifoveal. Na Tomografia de Coerência Óptica (OCT), (figura 2A), observou-se importante atrofia da retina externa em AO, com preservação do elipsoide apenas na região perifoveolar, justificando a acuidade preservada. Havia pontos hiper-refletivos nas camadas da retina neurossensorial e cistos perifoveolares no olho esquerdo (OE). O Eletrorretinograma (figura 2B) demonstrou disfunção global de bastonetes e cones nas fases escotópicas e fotópicas, com assimetria das respostas e pior desempenho no OE. Durante internação, apresentou sorologias positivas: VDRL 1:16, FTA-ABS IgM/IgG reagentes e líquor com pleocitose e VDRL positivo. Recebeu Penicilina G Cristalina venosa por 14 dias. Seis meses após o tratamento, persistia a nictalopia. VDRL caiu para 1:2. A autofluorescência mostrou anel hiperautofluorescente ao redor da mácula em AO e o OCT manteve cistos foveolares no OE.
Conclusão
A pseudoretinose sifilítica é manifestação rara da neurossífilis, podendo simular distrofias hereditárias. O exame oftalmológico detalhado é essencial para o diagnóstico e acompanhamento, sendo ferramenta importante na avaliação de doenças sistêmicas com repercussão ocular.