Código
RC275
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital Oftalmológico Visão Laser
Autores
- SAMUEL GONCALVES DE CAMPOS (Interesse Comercial: NÃO)
- Caio Henrique Peres Oliani (Interesse Comercial: NÃO)
- Marcello Novoa Colombo Barboza (Interesse Comercial: NÃO)
Título
MENINGOENCEFALITE COMO PRIMEIRA ALTERAÇAO NO QUADRO DE VOGT-KOYANAGI-HARADA: UMA APRESENTAÇAO ATIPICA
Objetivo
Relatar um caso de diagnóstico da síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada (VKH), cuja manifestação inicial foi meningoencefalite, precedendo os sinais oculares típicos.
Relato do Caso
Feminino, 46 anos, negra, internada devido cefaleia intensa, dor ocular esquerda (OE) e baixa acuidade visual há quatro dias. Negava traumas ou cirurgias oculares. Foi solicitada interconsulta oftalmológica devido à piora do quadro visual. A acuidade visual era de 20/25 no olho direito (OD) e 20/50 em OE. Biomicroscopia de OE apresentava hiperemia difusa de 2+. A fundoscopia revelou hiperemia e edema de papila em OE (imagem 1). Foram solicitados exames para investigar a causa da neurite óptica. A ressonância magnética do crânio evidenciou lesões de leucomicroangiopatia. A análise do líquor revelou linfocitose, elevação de proteínas (42 mg/dL), pressão de abertura elevada (57 mmH₂O), bacterioscopia negativa e PCR negativo para herpes, sugerindo meningoencefalite. O rastreio sorológico descartou etiologias infecciosas e foi iniciada pulsoterapia com metilprednisolona na dose de 1 g/dia por cinco dias, obtendo-se melhora clínica e alta hospitalar subsequente. Após quinze dias, a paciente foi readmitida com piora da hiperemia ocular e redução da acuidade visual em OE para 20/200. O mapeamento de retina mostrou persistência da hiperemia e edema de papila, associado a descolamento seroso retiniano em OE (imagem 2). O diagnóstico de VKH foi confirmado e iniciado novo ciclo de pulsoterapia. A paciente evoluiu com melhora significativa dos sintomas, recebendo alta com prednisona oral na dose de 1 mg/kg/dia.
Conclusão
VKH é uma síndrome autoimune rara, com inflamação multissistêmica em tecidos ricos em melanócitos, manifestando sinais oculares, neurológicos, auditivos e cutâneos. O caso destaca a importância em reconhecer apresentações atípicas, como a meningoencefalite. O tratamento com pulsoterapia e corticosteroides orais foi essencial para resolução ocular e sistêmica da doença (Imagem 3). Devido ao risco de recidiva e sequelas permanentes, a paciente manteve acompanhamento regular.