Código
RC284
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital PUC Campinas
Autores
- MARINA MARQUES DENOBI (Interesse Comercial: NÃO)
- Renata Reno Martins (Interesse Comercial: NÃO)
- JOSE GUILHERME GUIMARAES RABELO (Interesse Comercial: NÃO)
Título
RETINITE POR CITOMEGALOVIRUS EM PACIENTE COM HIV: UMA MANIFESTAÇAO OCULAR INESPERADA NA ERA DA TERAPIA ANTIRRETROVIRAL
Objetivo
Ressaltar a importância do diagnóstico e tratamento precoce das imunodeficiências afim de prevenir infecções oportunistas que levam, dentre outras, a importantes patologias oculares bem como perdas irreversíveis da visão.
Relato do Caso
Feminino, 39 anos, apresentou lesões em região dorsal à esquerda com uma semana de evolução que progrediram para a região anterior, acompanhadas de febre. Oito dias antes, desenvolveu lesões ulceradas dolorosas na cavidade oral, gengivite e estomatite. Também relatou visão turva progressiva no olho esquerdo ao longo do último mês e perda de peso não intencional de 12,7 kg em três meses. Ao exame, a oroscopia revelou uma lesão ulcerada noterço médio do lábio inferior, uma exulceração de 1 mm na ponta da língua, eritema gengival linear e lesões sugestivas de HIV. O exame oftalmológico demonstrou acuidade visual não corrigida de 0,3 no olho direito e percepção luminosa no olho esquerdo. A fundoscopia do olho esquerdo revelou uma extensa área de exsudatos peridiscais com múltiplos focos hemorrágicos, exsudatos duros na região macular e perimacular, papiledema grau 1 e aumento da tortuosidade vascular. A colonoscopia realizada revelou lesões ulceradas no cólon direito; a biópsia demonstrou um processo inflamatório subagudo moderado, sugestivo de infecção por um vírus com efeitos citopáticos, compatível com CMV. Foram obtidos dois testes iniciais positivos para HIV, além de linfopenia, sinais de imunossupressão e retinite sugestiva de CMV avançado. Foi iniciado tratamento com ganciclovir 250 mg a cada 12 horas e profilaxia para Pneumocystis com Bactrim 400/80 mg duas vezes ao dia. Após duas semanas de tratamento, incluindo terapia antirretroviral, a paciente apresentou melhora significativa nas lesões cutâneas e ao exame fundoscópico, embora sem alterações na acuidade visual.
Conclusão
O caso reforça a importância do início precoce da terapia antirretroviral em pacientes com HIV, afim de prevenir o surgimento de doenças oportunistas que levam a quadros oftalmológico dramáticos como a retinite por CMV.