Código
RC151
Área Técnica
Órbita
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo
Autores
- JULIANA DE SOUZA CARNEIRO (Interesse Comercial: NÃO)
- YURI BRITO SHIROMA (Interesse Comercial: NÃO)
- CAROLINA SCIAMMARELLA WAKISAKA (Interesse Comercial: NÃO)
Título
APRESENTAÇAO ATIPICA DE FASE ATIVA DE DOENÇA OCULAR TIREOIDIANA (DOT) NO PRONTO-SOCORRO (PS)
Objetivo
Relatar caso atípico de DOT: homem de meia-idade com quadro unilateral, retração palpebral pouco evidente, pressão intraocular (PIO) elevada e acometimento atípico dos músculos extraoculares
Relato do Caso
Homem de 50 anos procurou o PS de um hospital terciário em fevereiro/2025 referindo proptose progressiva no olho direito (OD), diplopia binocular, redução da acuidade visual (AV) à direita e dor à movimentação ocular ipsilateral há 1 mês. Há dez dias, havia sido registrada PIO de 40 mmHg no OD. O paciente era ex-tabagista há 20 anos, sem comorbidades, e com histórico de membrana epirretiniana em OD. Além disso, referia perda de cerca de 10% do peso corporal no período. Ao exame, apresentava AV de 20/200 no OD e 20/20 no olho esquerdo (OE), sem melhora com refração. À ectoscopia, observou-se proptose exclusivamente à direita, sem retração palpebral evidente. As alterações oftalmológicas restringiam-se ao OD: defeito pupilar aferente relativo (DPAR) 2+/3+, restrição leve-moderada da motilidade ocular em todas as versões, biomicroscopia com quemose inferior e congestão de vasos episclerais e fundo de olho com edema de disco com borramento difuso da borda. A tomografia de órbitas revelou espessamento dos ventres musculares do músculo oblíquo superior e dos quatro retos, sendo o superior e o lateral os mais acometidos e o lateral o menos. Foi descrito leve acometimento tendíneo. Os exames séricos revelaram T4 livre dentro da normalidade, hormônio estimulador da tireoide (TSH) supresso e anticorpo Anti-Receptor de TSH (TRAB) positivo. Diante do quadro, foi diagnosticada DOT com neuropatia óptica e iniciada pulsoterapia com metilprednisolona 1 g/dia por três dias. Quatro dias após o término do tratamento, o paciente retornou em uso de prednisona 40 mg/dia e tapazol 5 mg/dia, referindo melhora da AV e da dor. Ao exame, apresentava AV de 20/32 no OD, DPAR 1+/3+, melhora da proptose e retração palpebral evidente.
Conclusão
A DOT é a principal causa de proptose em adultos, devendo ser diagnóstico diferencial em todos os casos, incluindo os atípicos.