Código
RC193
Área Técnica
Retina
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
Autores
- VITOR RODRIGUES DUTRA (Interesse Comercial: NÃO)
- DANYELLE DIAS CARDOSO (Interesse Comercial: NÃO)
- RITA TEREZA CUNHA PAES (Interesse Comercial: NÃO)
Título
DOENÇA DE COATS: ANALISE ABRANGENTE DE UMA CONDIÇAO RARA - RELATO DE CASO
Objetivo
A Doença de Coats (DC) é uma condição rara caracterizada por telangiectasia retiniana e exsudação intra ou sub-retiniana, sem tração vítreo-retiniana. Afeta geralmente um único olho, e é mais comum em meninos de até 8 anos. Sua etiologia pode estar ligada à instabilidade nos cromossomos 3 e 13, e se associa a genes como NDP, CRB1 e PANK2. Os sintomas incluem redução da acuidade visual, estrabismo, leucocoria, descolamento total da retina e glaucoma neovascular.
Relato do Caso
Paciente masculino, 12 anos, acompanha no Hospital de Clínicas da UFTM desde 2014 devido estrabismo convergente no olho esquerdo (OE). Por isso, realizou cirurgia de duplo recuo de retos mediais. Depois de 06 meses da correção apresentava acuidade visual (AV) de 20/40 no olho direito e 20/50 em OE, com leucocoria e placas amareladas em todo o equador de retina esquerda e acometendo mácula temporal, levando à suspeita de DC. Recebeu injeção intraocular de aflibercepte e panfotocoagulação a laser (PFC) em fevereiro de 2024, mantendo AV em OE de 20/50. Após um ano, queixou-se de piora visual significativa em OE, com acuidade de conta dedos. Fundoscopia revelou disco óptico pálido, placas amareladas difusas e descolamento seroso extenso da retina. O paciente foi orientado sobre o prognóstico, sobre a importância de preservar o olho direito e de manter seguimento no departamento de Retina.
Conclusão
A DC é rara, com incidência de 0,09 por 100.000 habitantes. O principal diagnóstico diferencial é o Retinoblastoma (RB), e a presença de cálcio na tomografia ou ultrassom reforça essa hipótese. Fatores de risco para resultado visual ruim (20/200 ou pior) incluem localização pós-equatorial, topografia difusa das telangiectasias e exsudação, presença de macrocistos retinianos e falha na resolução do fluido sub-retiniano. O tratamento pode envolver PFC, crioterapia, terapia intravítrea com anti-angiogênico ou triancinolona, e cirurgia vitreorretiniana. A enucleação é indicada em casos de olho cego doloroso ou na suspeita de RB. O manejo pode ser expectante quando não há ameaça visual iminente.