Código
RC021
Área Técnica
Córnea
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Autores
- GABRIEL COSTA RODIL (Interesse Comercial: NÃO)
- THIAGO LUÍS HOLANDA RÊGO (Interesse Comercial: NÃO)
- ROSANE SILVESTRE CASTRO (Interesse Comercial: NÃO)
Título
CERATOPATIA CRISTALINA INFECCIOSA COM MANIFESTAÇAO ATIPICA: RELATO DE CASO
Objetivo
Relatar um caso desafiador de ceratopatia cristalina infecciosa em um paciente sem fatores de risco clássicos para a condição, além de manifestação clínica atípica, sendo confirmado apenas após estudo anatomopatológico da córnea.
Relato do Caso
Masculino, 58 anos, referia redução progressiva da AV em OE, associada a fotofobia. Apresentava AV sem correção de conta dedos a um metro em OD e 20/400 em OE. À biomicroscopia, visto opacidade corneana esbranquiçada no eixo visual em OE, tendo como primeira hipótese diagnóstica depósitos de cálcio intraestromais. Foram realizadas duas tentativas de ceratectomia superficial e uma de ceratectomia fototerapêutica (PTK). Passados 90 dias do PTK, paciente apresentava AV de 20/400 e ao exame visto que a opacidade havia progredido novamente. Foi indicado e realizado transplante penetrante de córnea, tendo 20/100 como acuidade visual 30 dias após o transplante. A análise anatomopatológica da córnea receptora revelou grânulos arredondados PAS+, sugestivos de cocos proliferados no estroma superficial.
Conclusão
A ceratopatia cristalina infecciosa é caracterizada por opacidades estromais ramificadas na córnea, que podem ser confundidas com outras condições, como degenerações cálcicas. Essas opacidades resultam do acúmulo de fungos, bactérias ou organismos atípicos, com o Streptococcus viridans sendo o mais comum. Normalmente, está associada à imunossupressão, ocorrendo frequentemente após transplante de córnea. O tratamento inclui antimicrobianos, agentes quelantes e cirurgias. No caso descrito, o diagnóstico só foi confirmado por exame anatomopatológico da córnea, em um paciente que possuía apenas a incisão da facoemulsificação como fator de risco, o que sugere que a doença pode ocorrer mesmo sem os fatores de risco típicos. A semelhança com outras doenças corneanas pode atrasar o diagnóstico, tornando essencial a suspeição clínica para um tratamento eficaz e melhor prognóstico visual.