Código
RC059
Área Técnica
Estrabismo
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Autores
- JÚLIA CORRÊA PACHECO NAUMANN (Interesse Comercial: NÃO)
- DANIEL TENORIO CAMELO SOARES (Interesse Comercial: NÃO)
- ILUSKA ANDRADE AGRA (Interesse Comercial: NÃO)
Título
CIRURGIA DE ESTRABISMO EM PACIENTE COM REGENERAÇAO ABERRANTE DO III NERVO CRANIANO: RELATO DE CASO
Objetivo
Relatar o caso de um jovem com inervação anômala do III nervo craniano (NC) após trauma, destacando o tratamento cirúrgico eficaz de ptose palpebral e exotropia (XT) em único momento.
Relato do Caso
Paciente masculino, 28 anos, sem comorbidades, encaminhado ao ambulatório de oftalmologia de hospital de referência da Bahia com queixa de estrabismo divergente e ptose palpebral em olho esquerdo (OE) após acidente automobilístico há 3 anos. Apresentava acuidade visual corrigida de 20/20 em ambos os olhos (AO). À biomicroscopia anterior e posterior, não havia alterações em AO, além de midríase fixa em OE. Ao exame externo (Imagem 1), exibia XT em OE de 50 DP em PPO e levoversão; >50 DP em dextroversão; ptose palpebral esquerda em PPO, com melhora na adução e piora na abdução, além de abertura na infraversão (sinal de pseudo-Graefe); limitação de -2 de adução e -4 de elevação e depressão em OE; reflexo de Bell ausente; teste de dução passiva sem restrições e boa velocidade sacádica para adução. Sem alterações de motilidade em OD. Quadro clínico sugestivo de paresia do III NC esquerdo com regeneração aberrante. TC de órbita mostrou nervos ópticos e planos ósseos sem alterações, com redução da espessura do reto medial do OE. Submetido a cirurgia com objetivo de correção do estrabismo e da ptose. Feito recuo bilateral de 9 mm dos músculos retos laterais e ressecção em plicatura de 7 mm do músculo reto medial de OD. Após 9 meses (Imagem 2), em PPO, ele apresentava ptose residual em OE, com eixo visual livre, e XT de 15 DP ao teste de Krimsky. Satisfeito com resultado cirúrgico, mas com fotofobia leve pela midríase.
Conclusão
A inervação anômala do III NC é um fenômeno raro que requer um plano terapêutico individualizado. No caso discutido, a elevação palpebral à adução permitiu realizar a correção do estrabismo em conjunto com a da ptose ao gerar um estímulo de abdução no olho não comprometido para manter em PPO e assim, pela lei de Hering, um de adução (que controla a ptose) no olho comprometido, apresentando um resultado cirúrgico satisfatório.