Título

OCLUSAO COMBINADA DE ARTERIA E VEIA CENTRAL DA RETINA EM PACIENTE COM LEUCEMIA LINFOBLASTICA AGUDA

Objetivo

Relatar um caso atípico de amaurose súbita causada pela oclusão combinada de artéria e veia central da retina secundária à infiltração leucêmica do nervo óptico (NO) em um paciente com leucemia linfoblástica aguda (LLA).

Relato do Caso

Paciente masculino, 43 anos, portador de LLA, submetido a tratamento quimioterápico, neste momento em remissão do quadro, compareceu à emergência oftalmológica no dia 27/08/24 com queixa de amaurose súbita no olho direito (OD) há um dia. Ao exame, acuidade visual corrigida: ausência de percepção luminosa em OD e 20/20 no olho esquerdo (OE). Em OD, apresentava defeito pupilar aferente relativo. Não apresentava alterações à biomicroscopia em ambos os olhos. A pressão intraocular era de 12 mmHg no OD e 11 mmHg no OE. À fundoscopia, no OD (Figura 1) observava-se disco hipocorado com bordos mal definidos, indicando edema de papila, além de palidez de polo posterior, mácula “em cereja”, aumento de tortuosidade vascular, estreitamento arteriolar difuso, hemorragias peridiscais e intrarretinianas difusas, sugerindo oclusão combinada de artéria e veia central da retina. No OE (Figura 2), somente observada tortuosidade vascular discreta. Diante da severidade do quadro, o paciente foi orientado quanto ao prognóstico visual. Foi estabelecido contato de urgência com o setor de oncologia responsável, que confirmou a recidiva da LLA com infiltração de NO. O paciente foi internado para tratamento de resgate com quimio e radioterapia. No entanto, evoluiu a óbito após três meses devido a complicações da leucemia.

Conclusão

A infiltração leucêmica do nervo óptico pode levar a complicações vasculares devido ao aumento da viscosidade do sangue, à compressão ou à invasão das paredes vasculares. Esse achado aponta a progressão e disseminação direta da leucemia para o sistema nervoso central, com impacto direto no prognóstico e na abordagem terapêutica. No cenário das leucemias, ao encontrar alterações retinianas, o oftalmologista desempenha um papel importante, não apenas no contexto visual, como também na definição terapêutica oncológica.