Título

DOENÇA DE COATS DO ADULTO E CORIORRETINOPATIA SEROSA CENTRAL: UMA SOBREPOSIÇAO DIAGNOSTICA?

Objetivo

Relatar um raro caso de Doença de Coats (DC) de início tardio com possível sobreposição com Coriorretinopatia Serosa Central (CSC), baseado na análise de prontuário médico e exames de imagem multimodais.

Relato do Caso

Paciente masculino, 36 anos, com diagnóstico prévio de DC de início tardio, vem em consulta devido piora da acuidade visual (AV) no olho esquerdo (OE). Ao longo de dois anos, foi submetido a fotocoagulação à laser, crioterapia e uma injeção intravítrea (IIV) de anti-VEGF, com melhora visual intermitente. No exame atual, apresentou AV de 20/20 em olho direito (OD) e 20/150 em OE. O teste com a grade de Amsler demonstrou alterações centrais em OE. O fundo de olho de OD estava sem alterações. Em OE, foram observadas membrana epirretiniana (MER) macular e marcas periféricas de fotocoagulação a laser. As hipóteses diagnósticas incluíram DC do adulto em atividade ou CSC. A autofluorescência revelou áreas hiperautofluorescentes e hipoautofluorescentes em ambos os olhos. A angiografia fluoresceínica (AGF) demonstrou extravasamento localizado superior à fóvea. A tomografia de coerência óptica (OCT) mostrou descolamento do epitélio pigmentar da retina em OD e MER com descolamento seroso em OE. Foi realizada fotocoagulação focal a laser direcionada à área de extravasamento na região perifoveal. Após o tratamento, o paciente apresentou melhora da acuidade visual para 20/20 e resolução do líquido sub-retiniano.

Conclusão

A DC do adulto é uma condição rara, geralmente unilateral e com apresentação menos agressiva que a forma infantil. A suspeita de sobreposição com CSC representa um desafio diagnóstico e terapêutico, ressaltando a importância da avaliação multimodal por exames de imagem. Intervenções direcionadas, como a fotocoagulação a laser focal, mostraram-se eficazes no controle do extravasamento focal. Neste caso, o paciente respondeu positivamente ao tratamento com laser. Esses achados reforçam a importância de uma abordagem diagnóstica criativa e flexível, considerando que diagnósticos sobrepostos de doenças distintas podem ocorrer na prática clínica.