Código
RC108
Área Técnica
Neuroftalmologia
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Santa Casa de Misericórdia de Vitória
Autores
- RAQUEL BORGES MANGARAVITI (Interesse Comercial: NÃO)
Título
MANIFESTAÇÕES OFTALMOLÓGICAS DO PSEUDOTUMOR CEREBRAL INDUZIDO POR ATRA NO TRATAMENTO DA LEUCEMIA PROMIELOCITICA AGUDA
Objetivo
Relatar as manifestações oftalmológicas do pseudotumor cerebral secundário ao ATRA na LPA.
Relato do Caso
Mulher, 29 anos, sem comorbidades, foi admitida em novembro de 2022 por morte fetal (23 semanas), apresentando plaquetopenia e leucocitose/leucostase. Encaminhada para investigação, foi diagnosticada com LPA de alto risco e iniciou ATRA e prednisona, seguidos pelo protocolo PETHEMA. Dez dias após o início do tratamento, apresentou cefaleia intensa, fotofobia, náuseas e vômitos. Evoluiu com insuficiência respiratória e foi diagnosticada com aspergilose invasiva, iniciando voriconazol. Posteriormente, relatou escotomas e cefaleia refratária. O exame oftalmológico revelou papiledema e hemorragia peridiscal bilateral, sem comprometimento macular ou da acuidade visual. A tomografia de crânio foi normal, e a hipótese de hipertensão intracraniana induzida por tretinoína foi levantada. A análise do líquor revelou pressão de abertura elevada sem sinais de infecção. O ATRA e o voriconazol foram suspensos, com melhora gradual dos sintomas visuais e cefaleia. Nos ciclos subsequentes de quimioterapia, o ATRA foi reintroduzido sem recorrência dos sintomas.
Conclusão
O ATRA, amplamente utilizado na LPA, está associado ao pseudotumor cerebral, caracterizado por cefaleia, visão turva e, ocasionalmente, diplopia. A acuidade visual geralmente se mantém normal, com escotomas aumentados e papiledema bilateral. O prognóstico visual é favorável. Estudos sugerem que o voriconazol pode agravar o pseudotumor cerebral por alterações nas concentrações séricas de ATRA, embora essa interação não esteja totalmente esclarecida. Na presença de cefaleia, diplopia e papiledema, deve-se excluir causas como infiltração leucêmica no SNC, hemorragia intracraniana e trombose do seio venoso cerebral. A tomografia e a ressonância são essenciais, e a punção lombar pode confirmar. Médicos que prescrevem ATRA devem monitorar sinais precoces de pseudotumor cerebral. Apesar dos riscos, os benefícios do ATRA na LPA superam as complicações, tornando essencial o reconhecimento dessa manifestação.