Título

FISTULA CONJUNTIVO-PALPEBRAL APOS CANTOPLASTIA LATERAL

Objetivo

Relatar o caso de uma paciente que desenvolveu uma fístula conjuntivo-palpebral após correção cirúrgica de entrópio, pela técnica de tarsal strip.

Relato do Caso

A paciente, de 77 anos, portadora de Hipertensão arterial sistêmica severa, em uso de Warfarina devido a um episódio de AVE (acidente vascular encefálico) prévio e novo episódio de AVE em uso de DOACs (Anticoagulantes Orais Diretos). Suspendeu Warfarina no pré-operatório de acordo com a recomendação do cardiologista. Durante o procedimento do tarsal strip, apresentou pico hipertensivo grave (PA = 240/190mmHg). A paciente apresentou sangramento significativo na pálpebra inferior – provavelmente secundário o pico hipertensivo de difícil controle – no local da confecção da fita tarsal, necessitando de eletro cauterização intensa. Cerca de quatro meses após o procedimento, identificou-se que a fluoresceína usada para avaliação da córnea apresentava drenagem em um orifício palpebral próximo e inferior ao canto lateral direito (Figura 1), evidenciando-se uma fistula conjuntivo-palpebral. A paciente foi abordada cirurgicamente para correção de fístula (Figura 2), sem intercorrências durante o procedimento e no pós-operatório.

Conclusão

O caso evidencia uma complicação rara em procedimentos oftalmológicos, de uma fístula conjuntivo-palpebral após cauterização excessiva por sangramento de difícil controle devido a um pico hipertensivo severo. A paciente foi vista quatro vezes no pós-operatório e a fístula foi identificada apenas em torno de quatro meses de pós-operatório. A pesquisa na literatura a partir de 1980 resultou em dois relatos de casos de fístulas, da glândula lacrimal para pele após blefaroplastia (Leelapatranurak; Kim; Woo; Kim)( Ahn; Jung; Paik; Yang); um relato de caso evidenciou fístula conjuntivo-palpebral após a cantoplastia, como ocorreu no nosso trabalho. (Zhang; Huang; Li, 2020); reforçando a raridade de tal evento.