Código
RC055
Área Técnica
Doenças Sistêmicas
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Autores
- YASMIM DE PAULA DEITOS (Interesse Comercial: NÃO)
- Marcio Adriano Gomes Ferreira Filho (Interesse Comercial: NÃO)
- Kenzo Hokazono (Interesse Comercial: NÃO)
Título
SINDROME DO APICE ORBITARIO SECUNDARIO A HERPES ZOSTER OFTALMICO
Objetivo
Relatar caso de síndrome do ápice orbitário secundário a herpes zóster oftálmico.
Relato do Caso
Paciente, homem, 86 anos, com lesões vesiculares em hemiface direita, edema palpebral e baixa acuidade visual ipsilateral há 3 dias. Ao exame, apresentava acuidade visual corrigida de 20/100 (OD) e 20/25 (OE), hiperemia conjuntival e pseudodendritos. Pressão intraocular 10mmHg e mapeamento de retina sem alterações. Foi prescrito aciclovir 4 g/dia, analgesia via oral, lubrificação intensa e antibiótico tópico profilático. Paciente retornou queixando de diplopia, acuidade visual em OD de conta dedos há 1 metro, ptose palpebral, proptose, exotropia e oftalmoplegia, indicando acometimento neurológico (Fig.1). Foi realizado internação para infusão de aciclovir endovenoso por 14 dias 10mg/kg de 8/8 horas, metilprednisolona 1g por 5 dias e ressonância de crânio com ênfase em órbitas, cujo laudo não demonstrou alterações (Fig.2). Após tratamento, houve melhora do quadro, recuperação da motricidade ocular e acuidade visual de 20/50, recebendo alta hospitalar e retorno ambulatorial.
Conclusão
O Herpes Zóster oftálmico decorre da reativação da Varicela Zoster no gânglio trigeminal, apresentando lesões vesuliculares, conjuntivite, uveíte e em casos raros, acometimento neurológico, como a Síndrome do Ápice Orbitário. Esta representa o acometimento das estruturas que atravessam o forame óptico e a fissura orbitária superior, como os nervos cranianos, II, III, IV, VI e V1, cujo acometimento pode ser explicado pelo efeito citopático do vírus nos tecidos neurais ou devido a vasculite provocada pela inflamação intensa na parede dos vasos. O quadro se manifesta com ptose, proptose, oftalmoplegia e baixa acuidade visual. O tratamento preconizado é aciclovir 4 g/dia associado a corticosteroides. Nos casos já relatados a oftalmoplegia apresenta melhora total, embora a acuidade visual geralmente não seja recuperada. Neste relato, o paciente apresentou melhora da visão, indicando que o tratamento precoce pode minimizar danos irreversíveis ao nervo óptico.