Código
RC290
Área Técnica
Uveites / AIDS
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo
Autores
- DOUGLAS OLIVEIRA MORAIS (Interesse Comercial: NÃO)
- DINIZ PASSARELI CAROLINA (Interesse Comercial: NÃO)
- CARLOS EDUARDO HIRATA (Interesse Comercial: NÃO)
Título
TOXOPLASMOSE OCULAR ATÍPICA EM PACIENTE IMUNOSSUPRIMIDO POR USO PROLONGADO DE CORTICOIDE
Objetivo
Relatar um caso de toxoplasmose ocular atípica em paciente imunossuprimido por automedicação prolongada por uso de corticoide
Relato do Caso
Homem, 41 anos, com queixa de baixa acuidade visual em ambos os olhos há 6 meses, acentuada há 1 mês em olho direito e há 1 semana em olho esquerdo. Negava dor. Relatava uso prednisona 60mg/dia por mais 10 anos, por conta própria, para tratar quadro de dermatose pruriginosa. Desenvolveu DM, HAS e glaucoma cortisônico devido ao uso prolongado dessa droga. Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual de “conta dedos em face” em olho direito e 0.2 em olho esquerdo; à biomicroscopia, apresentava, em ambos os olhos, pigmentos endoteliais finos difusos, reação em câmara anterior 1+, catarata subcapsular posterior e células em vítreo anterior 2+; ao exame de fundo de olho, apresentava, lesões brancacentas em trajeto de arcada com fundo hemorrágico, em olho direito (imagem 1); lesões brancacentas em retina inferior, em olho esquerdo (imagem 2). Com base nesses dados, foram aventadas as hipóteses de toxoplasmose ocular atípica, considerando paciente imunossuprimido pelo uso de corticoide, e Necrose Aguda de Retina (NAR). Após internação hospitalar, prescreveu-se Sulfametoxazol/Trimpetoprima 800/160mg 2cps 12/12h e Aciclovir 10mg/kg EV 8/8h. Durante o seguimento, os resultados dos exames laboratoriais demonstraram sorologias positivas (IgG) para Toxoplasmose, Herpes Simples e Citomegalovírus. A etiologia foi definida com resultado de PCR de humor aquoso, positivo para Toxoplasma gondii. Neste momento, foi suspenso o Aciclovir e mantido Cotrimoxazol, com proposta de alta e seguimento ambulatorial. Paciente apresentou melhora do aspecto após 2 semanas (imagens 3 e 4).
Conclusão
A toxoplasmose ocular é uma causa importante de retinocoroidite, que pode ser subdiagnosticada em apresentações atípicas. Nestas, constitui diagnóstico diferencial com outras condições retinianas, como a NAR. O reconhecimento destas formas é fundamental para o diagnóstico e tratamento precoces, diminuindo o risco de sequelas a longo prazo.