Título

CARACTERISTICAS ESPAÇO-TEMPORAIS DAS CIRURGIAS DE CATARATA NO SISTEMA UNICO DE SAUDE EM PERNANBUCO, BRASIL (2015–2024)

Objetivo

Analisar as tendências espaço-temporais das cirurgias de catarata realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado de Pernambuco de 2015 a 2024.

Método

Trata-se de um estudo espaço-temporal, descritivo, retrospectivo, com dados secundários dos registros das cirurgias de catarata realizadas pelo SUS em Pernambuco, Brasil. A análise incluiu cirurgias de catarata realizadas pelas técnicas de facoemulsificação e extração extracapsular, realizadas de 2015 a 2024. Uma Taxa de Cirurgia de Catarata (TCC) foi calculada para avaliar a evolução deste procedimento. O Índice Global de Moran (IGM) foi calculado para avaliar a autocorrelação espacial das cirurgias em relação aos municípios.

Resultado

De 2015 a 2024, Pernambuco registrou 386.786 cirurgias de catarata. A análise da distribuição espacial revelou que o Pernambuco presta serviços de cirurgia de catarata principalmente à sua população local (n = 384.481; 99,4%), mas também a pacientes de outros estados (n = 2.395; 0,6%). O IGM indicou uma autocorrelação espacial positiva moderada (MGI = 0,5; p = 0,048), sugerindo um padrão de agrupamento estatisticamente significativo de pacientes submetidos à cirurgia, com as maiores concentrações observadas nos extremos do estado, figura 1. Quase metade dos pacientes (n = 194.982; 50,4%) deve viajar para fora de seu município de residência para se submeter à cirurgia de catarata.

Conclusão

Este estudo destaca tanto as tendências positivas quanto os desafios persistentes no sistema de saúde oftalmológica de um estado do nordeste brasileiro. Embora o número de cirurgias de catarata tenha aumentado, as disparidades regionais no acesso a esse procedimento ainda são significativas. Grande parte da região central de Pernambuco enfrenta um acesso limitado às cirurgias de catarata, o que obriga muitos pacientes a viajar para fora de seus municípios em busca de tratamento. Esses dados podem ser fundamentais para a formulação de políticas públicas que promovam o acesso equitativo à assistência oftalmológica nas áreas com maior escassez de recursos.