Código
RC037
Área Técnica
Córnea
Instituição onde foi realizado o trabalho
- Principal: Instituto de Olhos Ciências Médicas
Autores
- NATALIA GONZALEZ MARTINEZ (Interesse Comercial: NÃO)
- Letícia Crepaldi (Interesse Comercial: NÃO)
- Paulo Marca (Interesse Comercial: NÃO)
Título
QUANDO OS OLHOS NAO CONTAM TODA A HISTORIA: A ANAMNESE COMO CHAVE DIAGNOSTICA NA SINDROME OCULOGLANDULAR DE PARINAUD.
Objetivo
Relatar um caso de Síndrome Oculoglandular de Parinaud (SOGP) inicialmente diagnosticado como conjuntivite alérgica. Enfatizando a importância de uma anamnese detalhada.
Relato do Caso
Paciente do sexo feminino de 20 anos, iniciou com quadro de hiperemia ocular e edema periorbitário unilateral há, aproximadamente 15 dias. Refere consultas oftalmológicas, em serviço de urgência, durante esse período, sendo diagnosticada como conjuntivite alérgica e tratada com colírios anti-inflamatórios, sem melhora. Compareceu na urgência do Instituto de Olhos, com queixa de piora do quadro e o exame oftalmológico evidenciou em olho esquerdo (OE) hiperemia conjuntival, edema periorbitário, presença de pequenos nódulos acompanhados de reação folicular, em conjuntiva tarsal superior (Figura 1), além de linfonodomegalia pré-auricular ipsilateral endurecida e dolorosa, acuidade visual preservada e a fundoscopia sem alterações retinianas ou vítreas. Ao realizar anamnese, a paciente relatou ser tutora de um gato com diagnóstico recente de esporotricose, levantando suspeita de SOGP secundária a Sporothrix schenckii. Foi realizada cultura para bactérias e fungos do raspado e secreção conjuntivais para confirmar a hipótese etiológica de esporotricose ocular. Concluiu-se a suspeita clínica levantada com o resultado dos exames positivos para Sporothrix schenckii, sendo então prescrito itraconazol oral 100mg/dia, com evolução clínica favorável e resolução do quadro. (Figura 2)
Conclusão
O caso reforça a importância da anamnese detalhada na suspeita de SOGP, especialmente em pacientes com conjuntivite refratária ao tratamento convencional. O diagnóstico diferencial inclui conjuntivites infecciosas e alérgicas, sendo essencial considerar zoonoses em pacientes com histórico de exposição a animais. A SOGP pode ser subdiagnosticada em serviços de urgência devido à sua semelhança com conjuntivites comuns. A investigação criteriosa, é fundamental para o diagnóstico correto e tratamento eficaz.